domingo, 30 de maio de 2010

O trabalho dos psicólogos nas unidades básicas de saúde

Após mais de 4 anos de atuação em unidade básica de saúde, observo que as oficinas terapêuticas, importante estratégia de cuidado em Saúde Mental e que propõe a valorização do portador de sofrimento psíquico através do seu meio social, cada vez mais demonstram se constituir no melhor instrumento de atenção aos pacientes dos psicólogos - assim como aos seus familiares - nas unidades primárias de saúde. Elas têm proporcionado aos profissionais de saúde mental maior facilidade em conhecer melhor o paciente, otimizando o seu tempo de avaliação e tratamento.

Diante da impossibilidade de se operar de forma diferente do que tem acontecido, dado o enorme contingente à espera de atendimento psicológico nos postos de saúde, as oficinas terapêuticas têm se configurado em recurso de primeira linha, já que elas possibilitam um diagnóstico rápido, completo e ao mesmo tempo, na terapêutica adequada, considerando o perfil de usuário a ser tratado pelo psicólogo, de acordo com a diretiva do SUS.

O fato de as oficinas terapêuticas se configurarem em importante e adequada estratégia em Saúde mental nas unidades básicas de saúde, abrangendo desde os portadores de ansiedades leves até as esquizofrenias e transtornos graves do humor e outros tipos de sofrimento psíquico pode favorecer a uma grande camada da população. Os que sofrem de depressões menos graves e que superlotam os centros de saúde, muitas vezes aumentando as filas dos que vão em busca de uma consulta médica devido às somatizações geradas muitas vezes por falta de auto-conhecimento, em pouco tempo poderiam, sem medicações, dar lugar a outros pacientes, criando uma rotatividade que se supõe ser desejável nas oficinas: logo nas primeiras semanas o paciente consegue se perceber e se entrosar melhor no seu meio familiar, e isto pode ser suficiente para reduzir a ansiedade, diminuir a ida aos médicos, que diminuirão os pedidos de exames e de medicação, o que, por sua vez, pode acarretar importante economia para os cofres públicos, ao prevenir gastos desnecessários com especialistas, que na maioria das vezes observam inexistência de organicidade nas queixas apresentadas

Necessário far-se-ia, pois, que houvesse empenho e investimentos mais significativos por parte dos gestores municipais nas atividades das oficinas terapêuticas. E não seria oneroso: seria apenas o caso de contratar mais psicólogos e fazer aquisição de material, que na maioria das vezes é barato, dependendo do tipo de artesanato que se produza. É importante e necessário também, treinamento para os psicólogos que ainda resistem à idéia de oficina terapêutica, principalmente por desconhecerem do que se trata, e de como ela funciona.