sábado, 5 de junho de 2010

Todas as interrogações que os psicólogos que atuam nas unidades básicas de saúde fazem ou poderiam fazer, mas não puderam ou não se dispuseram a perguntar!

Desejava inicialmente escrever uma monografia cujo título seria: “A Atuação dos Psicólogos do Sus em Unidades Básicas de Saúde”. Os meus objetivos ao pensar nesta monografia, eram, dentre outros, estimular a reflexão dos profissionais da área sobre a prática que tem sido adotada e levar ao conhecimento dos gestores municipais a realidade em que este tipo de atendimento se encontra.


Ao começar a desenvolver uma linha de raciocínio, me deparei com uma dezena de questões que caberiam na problematização. Sairia um parágrafo inteiro de mais de uma página, só com os “problemas” a serem investigados, e tal empreitada torna-se impossível em uma monografia, pois o problema deve ser trabalhado em torno de poucas hipóteses, e não várias delas. As dúvidas que me afligem até hoje estão em torno das seguintes questões, não necessariamente nesta ordem, segundo sua importância:

1- Qual a real importância das unidades básicas de saúde, em se tratando dos atendimentos em Saúde Mental, do ponto de vista dos gestores municipais?
 
2-Será que o psicólogo das unidades básicas de saúde carrega consigo e aceita, sem perceber, a missão de funcionar como um mero auxiliar dos psiquiatras, cada vez mais rarefeitos no sistema?

3- As unidades básicas de saúde também devem ser vistas como substitutivas dos hospitais psiquiátricos para atendimento em saúde mental?  Em caso afirmativo, então ,

4- Será que existe ou não, um programa de abastecimento do material e contratação de monitores para as oficinas terapêuticas das UBS's?

5- O atendimento em Saúde Mental em todo o Brasil está sendo feito de acordo com a legislação estadual, municipal e algo parecido com a Linha-guia de Saúde Mental (da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais), idealizada por profissionais que atuam na área há várias décadas?

6- O psicólogo precisa entender de psicofarmacologia? Se a resposta for afirmativa, então,

7- Porque psicofarmaclogia não está inclusa na grade curricular do curso de graduação em todas as faculdades de Psicologia do Brasil?

8- O psicólogo precisa dominar a disciplina chamada psicopatologia?

9- Será que esta demanda (psicopatologia) não é realmente dos psiquiatras, que desejam que os psicólogos façam um encaminhamento já com diagnóstico pronto, incluindo o CID-10 como hd?

10- Que postura os Conselhos Regionais de Psicologia têm adotado em relação à problemática da falta de psiquiatras na rede, já que a dificuldade em encaminhar o paciente portador de transtorno mental grave e que demanda atendimento psiquiátrico nesse caso atinge aos psicólogos?



Entendo que qualquer uma destas questões pode ser um bom motivo para se escrever uma monografia, logo, eu teria uma dezena de monografias para escrever. Diante desta impossibilidade, decidi não escrever nenhuma monografia, e publicar este  texto como uma forma de protesto,  para que algum dia, quem sabe, alguém que possa, queira tomar alguma providência em relação ao atendimento em Saúde Mental nas unidades básicas e de referência na área, tema que sequer foi motivo de preocupações por parte de todos os gestores de quem tive conhecimento desde que vim morar nesta cidade.