domingo, 6 de março de 2011

Sobre Orientação Vocacional


Como “escolher” uma profissão?

  Maria do Carmo Soares – Psicóloga (favor citar em caso de utilização).
 
A palavra “escolher” não está entre aspas à-toa. Muitos jovens, levados pela inexistência de um serviço de Orientação Vocacional na sua escola, são obrigados a optar por uma carreira, muitas vezes, aleatoriamente, ao se inscrever para o vestibular. Não são raras as vezes em que ele se vê diante de (mais) um conflito, que pode ter várias origens:
 
O mercado de trabalho
 A demanda pode não estar sendo favorável no momento da escolha da carreira, em termos de oferta de empregos. Diante disso o jovem provavelmente acabará ignorando suas potencialidades individuais em prol da profissão que mais estiver gerando empregos ou clientela. Resultado: É possível que abandone o curso, ou tornar-se-á um mau profissional, já que não fez a escolha de acordo com a sua  vocação.

A necessidade da escolha
 Aqui é que impomos uma questão crucial: Se as autoridades que gerenciam o sistema educacional sabem disso –  da necessidade da escolha da carreira  no ato da inscrição – então porque não é obrigatório em cada escola ou colégio, seja ele da rede  pública ou particular, o serviço de Orientação Vocacional, nas duas modalidades, prestada por profissional qualificado?  Em razão da inexistência de tal serviço, o adolescente ou jovem, que vem de uma fase na sua vida, já plena de conflitos, acaba somando mais um,  em que se configura a pressão para que decida, no susto, que carreira acadêmica escolher, geralmente, baseando-se em orientações gerais, quando deveriam ser específicas, pois trata-se do aprimoramento do adolescente ou jovem como ser  humano, e sua profissão o acompanhará como se ela fosse um casamento, que tem a obrigação de ser por toda a vida.

Os motivos familiares
 A profissão que os pais exercem ou gostaria de exercer são fundamentais na hora da “escolha”. Quem não ouviu em algum lugar, um pai ou mãe, estufar o peito e dizer: “meu filho vai ser médico” ( ou engenheiro, advogado, diplomata... etc)?  A criança em questão recebe a “ordem” enviada e capta a essência da expectativa gerada em torno dele, já que esse pai ou mãe está jogando na criança a responsabilidade de realização de um sonho, do qual próprio não foi capaz. As coisas começam a se complicar quando o jovem se depara com uma vocação completamente destoante dos caminhos traçados pelos pais, desde o berço.
 Assim, a escolha determinada pelo mercado de trabalho ou de imposições familiares pode  criar um nível de  insatisfação pessoal, provavelmente se configurando em uma série de dificuldades que surgirão, advindas da escolha equivocada da profissão. Afinal, a vocação não se escolhe. Ela tem que ser descoberta.  Então, só nos resta, para uma necessária psicoprofilaxia do adulto e sua realização pessoal-profissional, sugerir aos responsáveis pela Educação neste país, que a OV seja disciplina obrigatória no ensino médio, ou a partir da 8ª série no Ensino  Fundamental.  
Recentes estudos feitos por  Leonel Tractenberg1, a verba disponibilizada aos setores de educação poderia ser melhor aplicada de forma a garantir melhor formação desde os primórdios da vida escolar do aluno, e uma escolha adequada, através de Orientação Vocacional ao final do Ensino Médio, seja na modalidade clínica – a mais adequada – ou estatística, através dos famosos testes vocacionais.


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1- Matéria de autoria de Leonel Tractenberg, publicada na revista CONSCIÊNCIA, págs 5 e 6, ano 1, edição nº 2 - abril/1999.

 
 
 
 
 
  

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