terça-feira, 9 de abril de 2013

ASPECTOS EMOCIONAIS DA FIBROMIALGIA


Doença psicossomática que se constitui em uma síndrome dolorosa que acomete principalmente mulheres na faixa de 30-50 anos. Em homens é mais difícil diagnosticar provavelmente porque ele se recusa a procurar ajuda quando começa a sentir as dores, ou porque é uma doença de características gerais femininas, e provavelmente tem a ver com as renúncias que se faz no decorrer da vida. É uma doença subjetiva e de origem desconhecida, e por isto, de difícil diagnóstico, por não ser visualmente observável.
No ambiente social e profissional o fibromiálgico sofre a partir de vários fatores, e o  maior influenciador é a incompreensão das pessoas. O desconhecimento e falta de preparação dos médicos impede o rápido diagnóstico e a orientação aos familiares, amigos e chefes, já que no trabalho torna-se impossível para ele exercer sua atividade laborativa de rotina com bem-estar, devido às fortes dores musculares e cefaléia, falta de energia e disposição, alteração do sono e distúrbios emocionais.

Emoção e lesão

 Acometimento de base emocioncal, a “fibro” tem sido um desafio para médicos e psiquiatras, por não ser detectável em exames clínicos e não provocar nenhuma deformação no organismo. O corpo torna-se o depositário das respostas subsequentes a emoções negativas – aquelas que geram experiências emocionais desagradáveis – chegando à conversão invisível, uma vez estabelecida a ansiedade patológica ( a que encontra-se presente há mais de 3 meses).
De acordo com Ballone (2007),  “...Quando a pessoa experimenta altos níveis de ansiedade, durante tempo prolongado, seu bem estar psicológico se encontra seriamente prejudicado, seus sistemas fisiológicos podem se alterar por excesso de solicitação, seu sistema imunológico pode ser incapaz de defender seu organismo, seus processos cognitivos podem estar prejudicados provocando uma diminuição do rendimento e, finalmente, a evitação das situações que provocam essas reações ansiosas pode comprometer sua vida sócio-ocupacional...”.
Ao tentar livrar-se dessas emoções negativas as pessoas geralmente saem no prejuízo, pois violentarão a si próprias, de vez que forçar-se-ão a aparentar tranquilidade. Assim, certamente desenvolverão alto teor de reatividade fisiológica.  “ São pessoas que se obrigam, pelo papel social que desempenham, a dissimular sentimentos diuturnamente, mas nem por isso significa que não estão experimentando intimamente tais emoções.” O resultado de tal escamoteamento do desgaste pelo esforço em se livrar de emoções pode ser muito alto, indo desembocar em algum lugar do organismo. No caso da fibromialgia as regiões-alvo situam-se nas costas, ombros, braços e pernas, com significado importante: o de uma pessoa que toma para si as sobrecargas da vida.

Para exemplificar bem, costumo dizer às pacientes que nós, seres humanos do lado ocidental, já nascemos sob o signo da cruz, aquele peso que Jesus carregou nas costas para pagar pelo pecado de todos os homens, nascidos e por nascer. Querendo ou não, crescemos ouvindo sobre o suplício de Cristo, e a tendência é sentirmo-nos culpados por todo aquele sofrimento a ele infligido. Dito de forma rude, podemos concluir que a mulher abarcou para si esse peso, e passa boa parte da sua vida em uma renúncia inconsciente e silenciosa de si mesma: ela vive para os outros: filhos, marido, outras pessoas da família, casa, profissão, igreja... etc. Nesse contexto, tudo e todos são importantes: ela não. Ela pode renunciar, inexistir.

Ocorre, porém, que ela tem um corpo orgânico. Uma matéria que requer espaço e cuidado, que ela não teve durante décadas. E assim, a emoção dá lugar à lesão. O corpo passou a vida quase toda dizendo: "Ei, eu  existo, estou aqui!". Mas ela teve que se recusar a ouvir, porque não percebia que teria que traçar as suas prioridades, e que ela própria deveria estar no topo da lista. Tudo era prioridade, menos ela. DAÍ O CORPO NÃO TEVE OUTRA ESCOLHA, SENÃO ENTRAR NA CONVERSÃO.

Como cada ser humano adoece do jeito que pode, uns têm vitiligo, outros, câncer, outros, gastrite, ulcera, etc... E a mulher, em geral, tem fibromialgia, síndrome do ninho vazio, síndrome da fadiga crônica, síndrome de Burnout, etc. etc, etc.


REFERENCIAS

Ballone GJ -  in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2007

domingo, 1 de julho de 2012

3.1 Assédio moral no trabalho


Em empresas de todo tipo é muito comum observarem-se cenas de assédio moral no trabalho. Tal tipo de violência se configura quando  alguém se prevalece do fato de ser detentor de poder sobre o subordinado para humilhá-lo, exigir além do que é de sua competência, e o ameaça de perda do emprego. Eu mesma recebo pacientes se queixando do chefe, seja ele um proprietário de escola, abusando dos professores, chefes de repartições públicas humilhando determinado servidor, e até patroas subjugando suas empregadas domésticas, fato que não se observa só nas novelas, mas na vida real com muito mais freqüência do que se imagina. Cabe processo na justiça, creio eu.

3- Violência institucional



Uma das formas de violência mais velada é a institucional, que abriga no seu bojo vários tipos de violência, como o assédio sexual, assédio moral no trabalho, bullying e outros. As vítimas geralmente não percebem que estão sofrendo violência. Um belo exemplo é o do funcionário de alguma empresa que sofre perseguições dos seus superiores, ou o paciente que é humilhado em hospitais públicos meramente pela sua condição de segurado do SUS, por exemplo. Há inúmeros exemplos de episódios que se repetem diariamente, sem que as pessoas se dêem conta da situação. Mal sabem, tanto vítima quanto agressor, que tal ato cabe um processo na justiça.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Todas as formas de violência



                 Violência doméstica


É a agressão física ou piscológica perpetrada contra a mulher no âmbito familiar: tanto pode ser por marido, namorado, noivo, amante, pai, irmão ou outro membro da família. Geralmente o agressor é mais forte ou mais poderoso, e utiliza essa força ou esse poder como forma de controle, através de ameaças. A pessoa agredida sente-se intimidada e isto pode ocorrer vários motivos:
·        Dependência de ordem sentimental: a mulher é apaixonada pelo seu agressor e não tem coragem de denunciá-lo à polícia. Para se justificar ela usa os filhos (ele é o pai dos meus filhos, não posso colocá-lo na cadeia.. etc.).
·        Dependência de ordem financeira: O agressor é o mantenedor do lar, e a mulher geralmente não tem condições de sair em busca de uma renda, ou não lhe agrada a idéia de ter que trabalhar. Como fator cultural e como resultado de exemplos em família ela introjeta desde mocinha a idéia de que tem que ficar cuidando da casa, dos filhos, etc. Mesmo nos tempos atuais onde a mulher está bem mais presente no mercado de trabalho, continua predominando nos lares onde há violência doméstica o sentimento de conformação da mulher em relação às agressões serem perdoadas pelo fato de ser o marido quem sustenta a família.
·        Vergonha: Geralmente a mulher agredida sente vergonha de denunciar por motivos particulares: não querer se expor perante sua família, seus amigos, colegas de trabalho. Pode ocorrer que ela já tenha sido advertida por conhecidos sobre a possibilidade de ele ser agressor de mulher e ela não ter dado ouvidos por estar apaixonada.
·        Medo: O agressor ameaça a sua vítima e ela acreditanas ameaças, por isto não tem coragem de denunciar, ou a vítima não acredita nas ameaças, mas as usa em casos de violência doméstica, como pretexto para não denunciar o homem que ela ama, seja ele seu marido, noivo, namorado, amante, irmão, pai, padrasto, etc. Quando as vitimas acreditam nas ameaças e têm medo, a violência pode se perpetrar através de décadas. Geralmente esses agressores jamais cumpririam tais ameaças, pelas razões a seguir: 1. Pelo fato de que se elas denunciarem ele será preso; não terá como cumprir qualquer ameaça, já que a vitima será protegida com medida determinando afastamento, mesmo após o agressor sair da prisão;  2. Por ser um covarde e fraco, e só tem a mulher como forma de exercer poder e força.

Geralmente o agressor de mulher é fraco e covarde, e agride a mulher como meio de auto-afirmação. Tais agressões não se limitam às agressões físicas: qualquer meio de opressão é agressão. Seguem-se alguns exemplos de violência doméstica, fora do âmbito da agressão física:
·        Agressões por ciúmes ou desconfiança: O marido (por exemplo) sente ciúmes doentios da mulher e passa a ofendê-la com termos de baixo calão, como: “sua vagabunda”, “sua piranha”, “aposto que estava com outro na rua”... e outras observações afins.
·        Agressões por sentimentos de inferioridade: Ambos trabalham, mas a mulher exerce atividade popularmente conhecida como “bico”. Quando o rendimento é igual ou superior ao do marido, ele passa a minimizar ou ridicularizar a importância do trabalho que ela faz. Exemplo: “Isso que você ganha não dá nem pra comprar papel higiênico”. Tal ofensa muitas vezes existe porque o marido sente-se inseguro ou porque o fato de sua mulher ganhar mais do que ele é sentido como ameaça à sua hombridade. 

Casais homossexuais e a Lei Maria da Penha 

A violência doméstica entre casais pode ocorrer, tanto em relação a casais hetero como casais homossexuais. As características são as mesmas: tanto entre casais de mulheres ou de homens, predomina a força de o poder do agressor sobre a vítima. Ela geralmente se cala por vergonha da sua condição de companheira de outra mulher e a preocupação de se expor ao denunciar a agressora, ou por dependência financeira ou emocional/sentimental. Quando alguma dessas vítimas tem coragem de denunciar, ela recebe a medida protetiva através de processo e sentença do juiz. Caso a medida não seja cumprida a agressora pode ser presa. Estudos sobre a ocorrencia de violência doméstica entre casais homossexuais são muito recentes, tendo se iniciado somente a partir da década de 90. Já os estudos a respeito da violência doméstica entre casais heterosexuais teve início na década de 70. A dificuldade de se estudar esse segmento reside no fato de que alguns gays podem fazer uma interpretação errônea sobre o que entende como “sina”, como se fosse um castigo por ele/ela ser gay, e não  denunciam a agressão sofrida por seus companheiros(as).. Nas defensorias públicas o percentual de casais gays que entram com processo de dissolução da união homoafetiva é ainda muito pequeno, porque a maioria dos casais não regulariza a sua união. Quando isto acontece e ocorre a violência doméstica, eles "abafam o caso", tanto por vergonha quanto, talvez, por desconhecimento de que a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em caso de casais homossexuais.

Próxima publicação: Violência Institucional

quinta-feira, 1 de março de 2012

Todas as formas de violência


             Bullying

Após vários noticiários em todas as partes do Brasil e pelo mundo, relatando violência sofrida por determinado tipo de pessoas principalmente nas escolas, veio à tona o termo Bullying. Como todos sabem, é um evento muito frequente envolvendo um gupo coeso e uma pessoa vulnerável, e se passa, na maioria das vezes, nas escolas. Até há pouco tempo esta modalidade de violência não tinha destaque nos debates em emissoras de TV ou rádio. Apenas era frequente na internet, onde o mundo expressa suas angústias, seus medos, sua indignação.

No Brasil, passou-se a falar sobre o tema após o assassinato de dezenas de alunos em uma escola de Realengo, por uma vítima do bullying  em sua idade escolar, conforme ele mesmo relatou post morten. Seguiram-se daí, vários relatos de ataques de fortes aos fracos, e o termo ganhou notoriedade. Em Montes Claros, um aluno de escola estadual foi amarrado no centro de um grupo de colegas e sofreu toda sorte de humilhações, deboches e agressões físicas. Filmaram e enviaram o vídeo para a mãe da vitima, além de notociarem que o mesmo vídeo estava no youtube. O aluno procurou ajuda psicológica e mudou de escola, na tentativa de esquecer o que havia ocorrido. Outros exemplos de bullying se seguiram e atualmente é tema de trabalhos escolares, provavelmente na tentativa de minimizar a frequência deste ato sórdido, por pessoas inconsequentes que entendem esta ação como um passa-tempo, uma diversão, sem saberem que estão simplesmente lidando de forma inconsciente com uma eventual insegurança ou ansiedade.
·        Bullying masculino
Um grupo supostamente mais forte escolhe uma vítima que geralmente não consegue se defender e a ataca. As agressões são na maioria físicas, advindo as agressões psicológicas como consequência. Esta característica é notoriamente psicanalítica, de vez que, segundo as representações sociais os homens precisam demonstrar força, coragem e ousadia para reafirmarem sua identidade sexual dentro do âmbito da “normalidade”. Caso ele não consiga se mostrar dessa forma, será apelidado de “mariquinha”. Certamente essa idéia é geminada através do lider do grupo, e os seguidores a adotam naturalmente ou sob coerção, já que pode ocorrer que alguns membros do grupo não concordem com o ato, mas a necessidade de aderir a um dos lados os coloca na posição de agressores. O descaso da diretoria da escola frente ao bullying favorece a impunidade do grupo e cria expectativas em crianças  menores, e assim vão se formando novos grupos de agressores com o passar dos tempos.

·        Bullying feminino
Ocorre basicamente o mesmo com as meninas agressoras, sendo a diferença apenas no que diz respeito ao tipo de agressão: os ataques dos grupos de meninas a outras meninas mais vulneráveis são de cunho psicológico: deboches, rejeição, apelidos depreciativos, etc. Tais formas de agressão são tão letais quanto as agressões físicas, só que  mais sutis. O bullying masculino pode ser observado, filmado, fotografado, ele é diretamente observável, já o bullying feminino é dificil de provar. Ambas as formas de agressão resultam em prejuízos que podem adquirir dimensões incalculáveis, de acordo com a mente de cada vítima. Temos dois exemplos de filmes que ilustrarão muito bem esta observação:

Filme 1: Conta a história de uma menina de 13 anos que era humilhada por um grupo denominado “as gatinhas”. Eram meninas charmosas, lindas, arrojadas,  observadas e invejadas por ela, que sonhava entrar   esse grupo. Ocorre que a líder a explorava com promessas de que ela seria membro caso  fizesse seu trabalho escolar. Ela fez o tal trabalho e as "gatinhas" deram um jeito de enganá-la, pegaram o trabalho e a abandonaram na sua festa de aniversário. Pois bem: a menina se transformou em uma pessoa má, mesquinha, péssima filha, péssima profissional, etc.

Filme 2:  Conta a história de uma gordinha e feinha que foi iludida ao ponto de ir para a cama com  o rapaz mais bonito da escola. Tratava-se de um plano para humilhar a moça. O grupo a observava escondido  e um deles estava filmando tudo. Quando ela tirou a roupa e se deitou na cama, o grupo apareceu e caiu na gargalhada, zombaria, humilhação. A gordinha arquitetou um plano e destruiu um por um, anos mais tarde.

É claro que são apenas filmes, mas o fato do massacre na escola de Realengo não é ficção. Esses eventos podem deixar raízes profundas, dolorosas e maléficas para quem as experiencia, tanto por parte das vitimas quanto dos agressores. A dimensão da violência contida na vingança de uma vitima de bullying pode ser considerada em termos de progressão geométrica.


PRÓXIMA PUBLICAÇÃO: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA




quarta-feira, 9 de março de 2011

Sobre a violência doméstica

Muitas vezes você ajuda a aumentar pelo menos um pouquinho o orçamento doméstico trabalhando como manicure, cabeleireira em casa, vendendo ou lavando roupas, fazendo limpeza nas casas dos outros, tomando conta de criança enquanto os seus pais trabalham... são inúmeras as atividades que a mulher exerce, e que geralmente contribui para render um "dinheirinho" a mais.
Daí seu marido chega em casa e você não deu conta de deixá-la como ele gosta, então começam os ataques: "sua vagabunda" (1), "o que você ganha não dá nem pra comprar papel higiênico"(2), "deve estar me colocando chifres" (3). "Vou te matar se eu te encontrar com outro" (4). E come a porrada (5). Nesse ponto a mulher às vezes vai até a delegacia registrar um B.O., alegando violência doméstica.

Só aí, amiga, eu já percebi pelo menos 4 tipos de violência doméstica. No exemplo citado, ao chamar a mulher de vagabunda, o marido já está cometendo a primeira violência, e ao diminuir a importância do trabalho que ela faz, a segunda. Só essas duas primeiras já seriam motivo de uma denúncia. Ao ameaçar sua vida, ele está cometendo uma violência tão grave quanto a agressão física, pois trata-se de violência psicológica, a que causa dependência emocional. Muitas vezes a mulher preserva aquele casamento por medo das ameaças. Mas geralmente as pessoas parecem não atentar para esse "detalhe", principalmente os familiares das mulheres vitimizadas (a agressão não precisa ser física), que minimizam o fato e sempre aconselham a mulher a cativar seu marido e manter o casamento.

Sinceramente, não sei qual dos males é o mais danoso, porque geralmente um homem violento aprendeu em casa: ou com a passividade de sua mãe, que provavelmente (certamente) sofria com o marido, ou com a violência do seu pai contra ele. Todo homem violento foi uma criança violentada nos seus direitos de terem pais que a protejam, não que as ameacem.